“A
música tem importância na vida do homem, proporciona-lhe momentos de beleza,
suscita emoções, inspirações, trata, traz recordações à consciência e embala
sonhos.” (Padilha, 2008).
Cada vez mais
profissionais e estudantes interessam-se em estudar a música, pois para além de
esta constituir uma prática artística pode também ser utilizada como uma
componente comunicacional e relacional (Rodrigues & Johnson, 2007). Assim,
conjuntamente com a procura de métodos alternativos, a música destaca-se,
especialmente, porque não possui valor monetário (Campbell, 2000). Contudo, o
recurso à utilização da música não se iniciou nos dias de hoje, já na
antiguidade, no Egipto, se recorria à música como agente curativo, com o
intuito de se solucionar problemas físicos, psíquicos e, ainda, emocionais
(Padilha, 2008).
A utilização
da música pode ser adequada aos diferentes tipos de pessoas existentes, esta
diferenciação ocorre devido às condições socioculturais, às experiências
vivenciadas e a sua relação com o meio (Campbell, 2000). Assim, cada pessoa
atribuirá um significado à música, não só devido a esses fatores mas também
pela preferência musical, predisposição do indivíduo e presença ou não de uma patologia
(Padilha, 2008).
Segundo
Padilha (2008), a exposição a uma atividade musical, provoca efeitos a nível
neurofisiológicos e psicológicos, desenvolvendo, portanto diversos processos,
sendo eles:
·
Sensoriais: escutar a música, reconhecer e
diferenciar sons;
·
Motoras: tocar instrumentos e realizar
movimentos de acordo com a música;
·
Emocionais: manifestação de emoções;
·
Cognitivas: atenção, concentração, memória,
análise a síntese;
·
Sociais: atividades músicas coletivas, que podem
influenciar o desenvolvimento de relações interpessoais.
Ainda segundo o autor
supracitado, a música pode também exercer efeitos a diversos níveis:
·
Bioquímico – a música sedativa pode provocar a
estimulação de hormonas que atuam a nível do alívio da dor, como as endorfinas;
·
Fisiológicos – estudos revelam que músicas
estimulantes provocam o aumento do ritmo cardíaco e do pulso, contudo, noutros
estudos afirma-se que ambos os tipos de música provocam o aumento do ritmo
cardíaco e do pulso;
·
Muscular e motor – a atividade muscular aumenta
quando se escuta música estimulante e diminui quando se se depara com música
relaxante. A segunda pode provocar contractilidade peristáltica a nível do
estômago, podendo assim ser utilizada em doenças de foro digestivo; em criança
autistas, pode levar estas a abandonarem o isolamento. É notável, também, a
divergência da reação a nível dos movimentos dos dedos de música para música;
·
Cerebral – atuando a nível dos neurónios, a
música provoca o relaxamento da tensão muscular, da oscilação do pulso e pode
provocar o levantamento de recordações;
·
Psicológico – atuando no sistema nervoso
central, a música pode provocar efeitos relaxantes, estimulantes, depressivos e,
sentimentos. Assim, a música pode ser utilizada para estimular a imaginação, a
criatividade, a memória e o raciocínio;
·
Social – através da música pode-se estabelecer
uma relação através dos efeitos que advêm desta;
·
Espiritual – a música pode ajudar a pessoa a
superar o sentimento de isolamento, desamparo e medo, fazendo parte das
religiões.
Em suma,
através dos efeitos que a música pode proporcionar, considera-se que esta constitui
um recurso importante a utilizar na prática de enfermagem, uma vez que esta
fomenta a expressão emocional, podendo, assim, facilitar a comunicação e a
relação com o outro. A música ao ser utilizada reduz a despersonalização,
aumentando a autoestima e proporcionando o conforto e bem-estar (Sales, Silva,
Pilger & Marcon, 2009). É importante, então, ter em conta a pessoa num
contexto holístico, ou seja, deve-se adequar a música a cada tipo de pessoa de
forma a poder tomar partido dos seus efeitos (Torchi & Barbosa, 2006).
Referências bibliográficas:
Campbell, D.
(2000). O efeito Mozart: clássica, jazz, rock ou pop, a música ajuda
a tratar o corpo, a fortalecer a mente e a despertar o espírito criativo. Cruz
Quebrada: Estrelapolar.
Padilha,
M.C.P. (2008). A musicoterapia no tratamento de crianças com perturbação do
espectro do autismo. Mestrado Integrado em Medicina (texto não
publicado), Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior,
Covilhã.
Rodrigues, H.
& Johnson, C. (2007). Investigação em
psicologia da música: estudos críticos. Lisboa: Edições Colibri.
Sales, C.A.,
Silva, V.A., Pilger, C. & Marcon, S.S. (2009). A música na terminalidade
humana: concepções dos familiares. Scielo,
45,(1), 138-145.
Torchi, T.S.
& Barbosa, M.A.M. (2006). A música como recurso no cuidar em enfermagem. Ensaios e Ciência, 3, (10), 125-138.
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