domingo, 30 de dezembro de 2012

Os efeitos da música

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“A música tem importância na vida do homem, proporciona-lhe momentos de beleza, suscita emoções, inspirações, trata, traz recordações à consciência e embala sonhos.” (Padilha, 2008).

Cada vez mais profissionais e estudantes interessam-se em estudar a música, pois para além de esta constituir uma prática artística pode também ser utilizada como uma componente comunicacional e relacional (Rodrigues & Johnson, 2007). Assim, conjuntamente com a procura de métodos alternativos, a música destaca-se, especialmente, porque não possui valor monetário (Campbell, 2000). Contudo, o recurso à utilização da música não se iniciou nos dias de hoje, já na antiguidade, no Egipto, se recorria à música como agente curativo, com o intuito de se solucionar problemas físicos, psíquicos e, ainda, emocionais (Padilha, 2008).
A utilização da música pode ser adequada aos diferentes tipos de pessoas existentes, esta diferenciação ocorre devido às condições socioculturais, às experiências vivenciadas e a sua relação com o meio (Campbell, 2000). Assim, cada pessoa atribuirá um significado à música, não só devido a esses fatores mas também pela preferência musical, predisposição do indivíduo e presença ou não de uma patologia (Padilha, 2008).
Segundo Padilha (2008), a exposição a uma atividade musical, provoca efeitos a nível neurofisiológicos e psicológicos, desenvolvendo, portanto diversos processos, sendo eles:

·         Sensoriais: escutar a música, reconhecer e diferenciar sons;
·         Motoras: tocar instrumentos e realizar movimentos de acordo com a música;
·         Emocionais: manifestação de emoções;
·         Cognitivas: atenção, concentração, memória, análise a síntese;
·         Sociais: atividades músicas coletivas, que podem influenciar o desenvolvimento de relações interpessoais.

Ainda segundo o autor supracitado, a música pode também exercer efeitos a diversos níveis:

·         Bioquímico – a música sedativa pode provocar a estimulação de hormonas que atuam a nível do alívio da dor, como as endorfinas;

·         Fisiológicos – estudos revelam que músicas estimulantes provocam o aumento do ritmo cardíaco e do pulso, contudo, noutros estudos afirma-se que ambos os tipos de música provocam o aumento do ritmo cardíaco e do pulso;

·         Muscular e motor – a atividade muscular aumenta quando se escuta música estimulante e diminui quando se se depara com música relaxante. A segunda pode provocar contractilidade peristáltica a nível do estômago, podendo assim ser utilizada em doenças de foro digestivo; em criança autistas, pode levar estas a abandonarem o isolamento. É notável, também, a divergência da reação a nível dos movimentos dos dedos de música para música;

·         Cerebral – atuando a nível dos neurónios, a música provoca o relaxamento da tensão muscular, da oscilação do pulso e pode provocar o levantamento de recordações;

·         Psicológico – atuando no sistema nervoso central, a música pode provocar efeitos relaxantes, estimulantes, depressivos e, sentimentos. Assim, a música pode ser utilizada para estimular a imaginação, a criatividade, a memória e o raciocínio;

·         Social – através da música pode-se estabelecer uma relação através dos efeitos que advêm desta;

·         Espiritual – a música pode ajudar a pessoa a superar o sentimento de isolamento, desamparo e medo, fazendo parte das religiões.

Em suma, através dos efeitos que a música pode proporcionar, considera-se que esta constitui um recurso importante a utilizar na prática de enfermagem, uma vez que esta fomenta a expressão emocional, podendo, assim, facilitar a comunicação e a relação com o outro. A música ao ser utilizada reduz a despersonalização, aumentando a autoestima e proporcionando o conforto e bem-estar (Sales, Silva, Pilger & Marcon, 2009). É importante, então, ter em conta a pessoa num contexto holístico, ou seja, deve-se adequar a música a cada tipo de pessoa de forma a poder tomar partido dos seus efeitos (Torchi & Barbosa, 2006). 


Referências bibliográficas:


Campbell, D. (2000). O efeito Mozart: clássica, jazz, rock ou pop, a música ajuda a tratar o corpo, a fortalecer a mente e a despertar o espírito criativo. Cruz Quebrada: Estrelapolar.
Padilha, M.C.P. (2008). A musicoterapia no tratamento de crianças com perturbação do espectro do autismo. Mestrado Integrado em Medicina (texto não publicado), Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, Covilhã.
Rodrigues, H. & Johnson, C. (2007). Investigação em psicologia da música: estudos críticos. Lisboa: Edições Colibri.
Sales, C.A., Silva, V.A., Pilger, C. & Marcon, S.S. (2009). A música na terminalidade humana: concepções dos familiares. Scielo, 45,(1), 138-145.
Torchi, T.S. & Barbosa, M.A.M. (2006). A música como recurso no cuidar em enfermagem. Ensaios e Ciência, 3, (10), 125-138.

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