Música: que benefícios?
A
música desempenha um papel importante para o Homem desde a antiguidade, pois já
nessa altura era utilizada das mais variadas formas e para os mais diferentes
fins, tanto como forma de expressão, de comunicação, meditação, lazer ou até
como método terapêutico. A título de curiosidade, temos o exemplo de Alexandre,
o Grande, que utilizava a música para convocar e incentivar seus soldados à
guerra e promover o seu relaxamento após o combate; outro exemplo remonta ao
Egipto em que os egípcios e outras civilizações antigas usavam a música em seus
rituais por acreditarem que poderia interferir na fertilidade das mulheres.
Esta importância deve-se ao facto da música fazer parte do próprio ser humano e
de ser reconhecido a influência da sua utilização na pessoa tanto a nível
físico, cognitivo, emocional ou social; pois é sabido que o universo sonoro
estimula alterações no padrão respiratório, na circulação sanguínea, na
digestão, no humor, na energia muscular, na atenção, podendo ainda funcionar,
se utilizada de forma adequada, como um valioso instrumento contra o medo e
situações de ansiedade. Já no início da Enfermagem como profissão, Florence
Nightingale reflectia sobre a utilização da música como recurso terapêutico no âmbito
dos cuidados de enfermagem.
Contudo,
é necessário ter em atenção o conceito de holismo e a individualidade de cada
pessoa, pois o gosto pessoal de cada um e a subjectividade inerente à música,
não nos permite afirmar que existe um tipo de música específico adequado a uma determinada
situação patológica.
É
do senso comum que, no geral, as pessoas se sentem renitentes ao usufruírem dos
cuidados de saúde e, a situação piora ainda mais quando nos referimos a um
hospital, pois a própria palavra hospital é conotativa de algo mau e que
assusta de certa forma, especialmente em contexto pediátrico. Assim, tal como
alguns estudos feitos nas mais diversas áreas indicam, é legítimo dizer que o
facto de uma criança ser internada num hospital, pode provocar alterações na
sua postura e no seu comportamento devido a alterações a nível dos hábitos de
sono, de higiene e da alimentação a que poderão estar sujeitas. Para além das
alterações de rotina no que concerne às actividades diárias de vida criança,
existem outros factores que podem levar a criança a experimentar sensações de
desconforto, medo ou ansiedade, como o estar num espaço que não é familiar e
longe de alguns objectos alvo de estima por parte desta, a predominância da cor
branca nas paredes e na roupa dos profissionais, serem confrontadas com um
discurso que por vezes não lhes é familiar (Ex: aquando da utilização de termos
técnicos), a presença de aparelhos (Ex: bombas infusoras, monitores)
barulhentos, a necessidade de serem intervencionadas com técnicas invasivas,
entre outros.
Desta
forma, é necessário criar um ambiente que seja sensível a todas estas
condicionantes, no sentido de combater, ou aligeirar, estes receios na criança,
como a criação de um espaço lúdico, pois estes cuidados podem ser benéficos no
desenvolvimento da criação e até mesmo, terapêuticos. Neste espaço, há
actividades que podem ser realizadas permitindo à criança tirar algum
benefício. Nestas actividades podem incluir-se, entre outros, o recurso ao
teatro, aos brinquedos e à música.
A
música, segundo alguns autores, propicia uma maior humanização dos cuidados à
pessoa e funciona como recurso estimulante da comunicação e o contacto com a
realidade, especialmente após episódios traumáticos, proporcionando um maior
desenvolvimento criativo. Para além destas vantagens, permite ainda relaxar, a
diminuição e uma maior tolerância à dor, melhorar os parâmetros vitais, reduzir
a ansiedade, facilitadora do estabelecimento de estratégias de coping e
resiliência, entre outros efeitos benéficos.
Outra
prova ainda que comprova os efeitos benéficos da utilização da música em
contexto de internamento numa unidade de cuidados intensivos neonatais no
Brasil, foi um estudo realizado por Standley (1998), com 2 grupos de 20 bebés
(10 do sexo masculino e 10 do sexo feminino), sendo um dos grupos submetido a
terapia musical e o outro não. No final desse estudo, observou-se que o grupo que
foi submetido à musicoterapia, teve alta em média 11 dias antes do outro grupo.
(Imagem 1: Fonte: http://freijonas.blogspot.pt/2012_10_01_archive.html)
Assim,
a título de conclusão com a pesquisa que realizei, posso inferir que a música é
efectivamente benéfica, tanto a nível psicológico como fisiológico, que pode
ser utilizada como instrumento útil no sentido em que permite melhorar a
qualidade dos cuidados prestados em ambiente pediátrico, como no
estabelecimento de uma melhor comunicação.
Referência
Bibliográficas:
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