"A música tem o poder único de fazer o que muitas vezes parece impossível: abrir precisamente onde tinha fechado; tocar onde nada tocou; curar com um sangue vermelho de um anoitecer se aproximando; selar com uma beleza, ou um desejo que corre de cima para baixo pela espinha. (...) A música é uma janela de oportunidade, descoberta, a arte, a graça, uma perfeita ruptura na imagem de um mundo qualquer que poderia ter dado errado" (Lane, s.d., citado em Vicente, 2011).
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
domingo, 30 de dezembro de 2012
Os efeitos da música
http://static.minilua.com/wp-content/uploads/2011/01/musica_cerebro2.jpg
Referências bibliográficas:
“A
música tem importância na vida do homem, proporciona-lhe momentos de beleza,
suscita emoções, inspirações, trata, traz recordações à consciência e embala
sonhos.” (Padilha, 2008).
Cada vez mais
profissionais e estudantes interessam-se em estudar a música, pois para além de
esta constituir uma prática artística pode também ser utilizada como uma
componente comunicacional e relacional (Rodrigues & Johnson, 2007). Assim,
conjuntamente com a procura de métodos alternativos, a música destaca-se,
especialmente, porque não possui valor monetário (Campbell, 2000). Contudo, o
recurso à utilização da música não se iniciou nos dias de hoje, já na
antiguidade, no Egipto, se recorria à música como agente curativo, com o
intuito de se solucionar problemas físicos, psíquicos e, ainda, emocionais
(Padilha, 2008).
A utilização
da música pode ser adequada aos diferentes tipos de pessoas existentes, esta
diferenciação ocorre devido às condições socioculturais, às experiências
vivenciadas e a sua relação com o meio (Campbell, 2000). Assim, cada pessoa
atribuirá um significado à música, não só devido a esses fatores mas também
pela preferência musical, predisposição do indivíduo e presença ou não de uma patologia
(Padilha, 2008).
Segundo
Padilha (2008), a exposição a uma atividade musical, provoca efeitos a nível
neurofisiológicos e psicológicos, desenvolvendo, portanto diversos processos,
sendo eles:
·
Sensoriais: escutar a música, reconhecer e
diferenciar sons;
·
Motoras: tocar instrumentos e realizar
movimentos de acordo com a música;
·
Emocionais: manifestação de emoções;
·
Cognitivas: atenção, concentração, memória,
análise a síntese;
·
Sociais: atividades músicas coletivas, que podem
influenciar o desenvolvimento de relações interpessoais.
Ainda segundo o autor
supracitado, a música pode também exercer efeitos a diversos níveis:
·
Bioquímico – a música sedativa pode provocar a
estimulação de hormonas que atuam a nível do alívio da dor, como as endorfinas;
·
Fisiológicos – estudos revelam que músicas
estimulantes provocam o aumento do ritmo cardíaco e do pulso, contudo, noutros
estudos afirma-se que ambos os tipos de música provocam o aumento do ritmo
cardíaco e do pulso;
·
Muscular e motor – a atividade muscular aumenta
quando se escuta música estimulante e diminui quando se se depara com música
relaxante. A segunda pode provocar contractilidade peristáltica a nível do
estômago, podendo assim ser utilizada em doenças de foro digestivo; em criança
autistas, pode levar estas a abandonarem o isolamento. É notável, também, a
divergência da reação a nível dos movimentos dos dedos de música para música;
·
Cerebral – atuando a nível dos neurónios, a
música provoca o relaxamento da tensão muscular, da oscilação do pulso e pode
provocar o levantamento de recordações;
·
Psicológico – atuando no sistema nervoso
central, a música pode provocar efeitos relaxantes, estimulantes, depressivos e,
sentimentos. Assim, a música pode ser utilizada para estimular a imaginação, a
criatividade, a memória e o raciocínio;
·
Social – através da música pode-se estabelecer
uma relação através dos efeitos que advêm desta;
·
Espiritual – a música pode ajudar a pessoa a
superar o sentimento de isolamento, desamparo e medo, fazendo parte das
religiões.
Em suma,
através dos efeitos que a música pode proporcionar, considera-se que esta constitui
um recurso importante a utilizar na prática de enfermagem, uma vez que esta
fomenta a expressão emocional, podendo, assim, facilitar a comunicação e a
relação com o outro. A música ao ser utilizada reduz a despersonalização,
aumentando a autoestima e proporcionando o conforto e bem-estar (Sales, Silva,
Pilger & Marcon, 2009). É importante, então, ter em conta a pessoa num
contexto holístico, ou seja, deve-se adequar a música a cada tipo de pessoa de
forma a poder tomar partido dos seus efeitos (Torchi & Barbosa, 2006).
Referências bibliográficas:
Campbell, D.
(2000). O efeito Mozart: clássica, jazz, rock ou pop, a música ajuda
a tratar o corpo, a fortalecer a mente e a despertar o espírito criativo. Cruz
Quebrada: Estrelapolar.
Padilha,
M.C.P. (2008). A musicoterapia no tratamento de crianças com perturbação do
espectro do autismo. Mestrado Integrado em Medicina (texto não
publicado), Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior,
Covilhã.
Rodrigues, H.
& Johnson, C. (2007). Investigação em
psicologia da música: estudos críticos. Lisboa: Edições Colibri.
Sales, C.A.,
Silva, V.A., Pilger, C. & Marcon, S.S. (2009). A música na terminalidade
humana: concepções dos familiares. Scielo,
45,(1), 138-145.
Torchi, T.S.
& Barbosa, M.A.M. (2006). A música como recurso no cuidar em enfermagem. Ensaios e Ciência, 3, (10), 125-138.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
A música numa Unidade de Cuidados Intensivos
Este vídeo demonstra claramente o efeito da música em crianças internadas na UCI, ao alegrar e suavizar todo o ambiente envolvente. É caso para se dizer que há pequenos pormenores que fazem toda a diferença e que se tornam em grandes momentos.
Música e Autismo: que relação?
“Com
dois anos e meio, Sam foi diagnosticado como autista. Fazendo uma
retrospectiva, Young reconhece que a incapacidade de processar e prioritizar
dados sensoriais começou muito cedo. Agora, Sam tem sete anos e revela uma
baixa tolerância de dor ao som, entre muito outros comportamentos autistas. Têm
acontecido enrolar-se como um novelo ao som do trânsito na rua ou andar pela
casa com as mãos a tapar os ouvidos, falando entredentes. Tem também ataques de
cólera que se tornaram tão graves que teve de ser medicado.
Young frequenta os meus workshops há quase um ano e tem discutido formas de ajudar o filho com a música e o som. Mas quando tentava cantar-lhe, Sam dizia-lhe para «parar de cantar». Quando ela entoava, ele dizia-lhe para «ir embora». Ao toque do tambor também reagia com «tambor não». Mas um dia, enquanto lia uma história sobre cólicas e música, Young teve a inspiração de fazer o som da sirene. No momento em que começou, o filho aproximou-se da mãe e encostou-se a ela, as costas contra o peito dela, onde o som ressoava mais. Sam agarrou-a, puxou-lhe a cabeça para junto da sua e fez-lhe um sorriso largo e conhecedor. Young ficou estupefacta. Parou e esperou pela reacção. «Continua», disse Sam.
Céptica, Young testou o som da sirene. De uma forma tipicamente autista, o filho não conseguia parar de ver um filme até acabar o genérico. Ele estava a cantar com My Fair Lady quando a mãe disse que tinham de desligar a televisão. Como Sam começou a ficar enervado, Young disse: «Sam, está tudo bem…(sirene)…temos de sair agora…(sirene)… podemos ver o filme depois …(sirene)…»
Sam acalmou. Ainda não queria deixar a mãe desligar a televisão, mas de repente começo a entoar com ela. Depois disse: «abraça-me», sentou-se ao seu colo, pôs os braços à volta da mãe e segredou: «canta comigo». Finalmente, Young pôde fazer avançar o filme rapidamente (anteriormente impossível) para poderem ver o genérico e desligar o aparelho.”
Young frequenta os meus workshops há quase um ano e tem discutido formas de ajudar o filho com a música e o som. Mas quando tentava cantar-lhe, Sam dizia-lhe para «parar de cantar». Quando ela entoava, ele dizia-lhe para «ir embora». Ao toque do tambor também reagia com «tambor não». Mas um dia, enquanto lia uma história sobre cólicas e música, Young teve a inspiração de fazer o som da sirene. No momento em que começou, o filho aproximou-se da mãe e encostou-se a ela, as costas contra o peito dela, onde o som ressoava mais. Sam agarrou-a, puxou-lhe a cabeça para junto da sua e fez-lhe um sorriso largo e conhecedor. Young ficou estupefacta. Parou e esperou pela reacção. «Continua», disse Sam.
Céptica, Young testou o som da sirene. De uma forma tipicamente autista, o filho não conseguia parar de ver um filme até acabar o genérico. Ele estava a cantar com My Fair Lady quando a mãe disse que tinham de desligar a televisão. Como Sam começou a ficar enervado, Young disse: «Sam, está tudo bem…(sirene)…temos de sair agora…(sirene)… podemos ver o filme depois …(sirene)…»
Sam acalmou. Ainda não queria deixar a mãe desligar a televisão, mas de repente começo a entoar com ela. Depois disse: «abraça-me», sentou-se ao seu colo, pôs os braços à volta da mãe e segredou: «canta comigo». Finalmente, Young pôde fazer avançar o filme rapidamente (anteriormente impossível) para poderem ver o genérico e desligar o aparelho.”
(Campbell, 2000, p. 295).
Reflexão:
A perturbação do
espectro do autismo consiste numa síndrome caraterizada por alterações
qualitativas na comunicação, na integração social e na realização do jogo
simbólico, que se carateriza pela rigidez e inflexibilidade do pensamento, da
linguagem e do comportamento, podendo este ser restritivo e repetitivo. Ocorre
frequentemente em crianças com 3 anos de idade (Padilha, 2008). “As crianças
com perturbação do espectro do autismo apresentam-se como “desconectadas”,
ausentes na sua presença, rítmicas nos seus rituais e nas suas estereotipias,
melódicas nas suas ecolálias e nos seus gritos, harmónicas nas suas
desarmonias” (Padilha, 2008, p. 70).
A música tem,
efetivamente, efeitos estimulantes sobre o cérebro, pois pode despertar a
atenção da pessoa e respostas emocionais ao estimular o Sistema Nervoso Central,
exercendo efeitos na perceção e nas ações motoras. Incluir a pessoa em atividades
musicais pode enriquecer as suas experiências, e consequentemente, permitir um
desenvolvimento saudável. Deste modo, a música, para além de treinar o cérebro,
mantém a cognição em funcionamento (Wolf
& Wolf, 2011).
Em contexto pediátrico,
a música pode ser aplicada a crianças de todas as idades, desde a gestação, na
qual a criança está no útero da mãe e ouve sons emitidos por esta, até ao
momento da adolescência. Durante procedimento dolorosos, tais como a
circuncisão ou o teste do pezinho, a música exerce influência no bem-estar da
criança, facilitando a realização dos mesmos, devido à calma que a música
proporciona (Wolf & Wolf, 2011).
No
exemplo demonstrado, observa-se a influência da música em crianças autistas, podendo-se
afirmar que a música pode exercer efeitos positivos no seu desenvolvimento e
ainda na relação que esta estabelece com o ambiente envolvente. De acordo com Wolf e Wolf (2011), a musicoterapia é
frequentemente utilizada no tratamento de crianças com autismo, visando ganhos
a nível cognitivo, comunicativo (verbal e não-verbal) e comportamental. Para
além disso, a música também corresponde a uma poderoso instrumento de
diagnóstico deste problema. Tem sido sugerido que a
música pode permitir auxiliar na organização do sistema nervoso e na integração
das diversas sensações de uma criança autista. Isto porque, normalmente, uma
criança autista não consegue distinguir a componente auditiva do discurso da
componente emotiva. Desta forma, o treino do tom e da ênfase pode ter um papel
importante na melhoria da comunicação da criança (Wolf & Wolf, 2011).
Relativamente à
comunicação, a musicoterapia permite melhorar a fala e a vocalização,
estimulando, simultaneamente, a cognição da criança. Para além disso, pode
também ter influência no comportamento sensitivo e motor (musica rítmica pode
melhorar os movimentos estereotipados e repetidos), na criatividade e na
satisfação emocional. A criança adquire conhecimento através dos estímulos que
recebe no seu dia-a-dia, e portanto quanto maior for o numero de estímulos,
mais desenvolve a sua mente. As músicas rítmicas permitem à criança participar
ativamente e desenvolver os seus sentidos, nomeadamente a acuidade auditiva.
Assim, a criança ao imitar gestos desenvolve a coordenação motora, o ritmo e a
atenção, e ao cantar sons ela ganha consciência das suas capacidades e
relaciona-se com o ambiente envolvente (Padilha, 2008).
A utilização da música
permite às crianças autistas exprimirem-se não-verbalmente, facilitando, deste
modo, a comunicação e partilha de sentimentos com as pessoas significativas.
Algumas investigações, citando Cabrera (2005, cit. in Padilha, 2008),
comprovaram que de facto a música pode ter um papel positivo no comportamento
de crianças com autismo, contudo, se não for aplicado de forma correta e por
profissionais qualificados pode provocar efeitos nefastos.
Em suma, com este
exemplo percebe-se o quão difícil é lidar com uma criança autista, e portanto o
autismo exige muito dos cuidadores e dos profissionais de saúde que o
acompanham. De forma a facilitar este processo de desenvolvimento e a evitar o
isolamento da criança é aconselhável a utilização da criatividade e do bom
senso, através de recursos como imagens, músicas, jogos e brinquedos que
estimulem permanentemente as crianças, tanto de forma física como mental.
Referências
Bibliográficas:
Padilha, M.C.P. (2008). A musicoterapia no tratamento de crianças com perturbação do espectro
do autismo. Mestrado Integrado em Medicina (texto não publicado), Faculdade
de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, Covilhã.
Wolf, L. &
Wolf, T. (2011). Music and health care.
Acedido
em 9 de Dezembro, 2012, em http://wolfbrown.com/images/articles/Music_and_Health_Care.pdf
Musicoterapia versus Cuidados de enfermagem com música

“O
verdadeiro milagre não é a rara recuperação de uma doença incurável, mas a possibilidade
fenomenal de utilizar a música e o tom de uma forma fácil e barata para
melhorar a qualidade da vida quotidiana”
(Campbell, 2000,
p. 210)
No âmbito da
enfermagem, a música já era abordada por Florence Nightingale,
percursora da enfermagem, ao afirmar que instrumentos de sopro, nos quais se insere a
voz humana, e instrumentos de cordas, que produzem sons
contínuos, são capazes de produzir efeitos benéficos, contrariamente aos
instrumentos que produzem sons fortes. Deste modo, pode-se afirmar que nesta
época, a música já era utilizada de forma terapêutica nos hospitais, porém,
acarretava custos altos, o que impossibilitou a sua utilização (Nightingale, 1989, cit. in Vicente, 2011).
Atualmente, a inserção das novas tecnologias tornou o acesso à música mais
fácil, para além do aparecimento do novo paradigma que visa um cuidado holístico
e humanizado, e portanto que promove a utilização de recursos enriquecedores dos cuidados de enfermagem, como a música (Bergold & Alvim, 2009, cit. in Vicente,
2011).
Assim, como a música atinge qualquer idade, sexo, raça, religião e nacionalidade, o mundo está a tornar-se musical. As pessoas começam a procurar terapias alternativas pois os métodos invasivos, dispendiosos e prejudiciais podem piorar a situação. Os cuidados poderão ser mais eficientes e criativos através da integração da mente e do corpo no processo de saúde. Inicialmente, a música pode não trazer grandes efeitos, mas como acontece com a tolerância a certa terapêutica, a pessoa pode habituar-se à música. Neste sentido, esta tem vindo a representar a ponte entre o tratamento tradicional e a medicina moderna, no entanto, os médicos atuais ainda se encontram receosos devido ao facto de parecerem técnicas muito fáceis, seguras, eficazes e baratas (Campbell, 2000).
O poder da música depende principalmente da composição, do intérprete, do ouvinte e da sua postura, podendo provocar, por um lado, efeitos estimulantes ou, por outro, efeitos invasivos. As músicas altas e agitadas podem carregar positivamente o cérebro, ocultando o sofrimento e a tensão. Já os ruídos de frequência elevada podem tornar-se “tóxicos” para o organismo, podendo mesmo causar dores de cabeça e um desequilíbrio. Para além disto, os sons de baixa frequência também podem ser prejudiciais para o organismo, podendo mesmo furar os tímpanos, provocar dor e contrações musculares, e consequentemente, criar uma situação de stress. Independentemente do tipo de efeito proporcionado pela música, esta acaba por produzir mudanças mentais e físicas (Campbell, 2000).
De acordo com Padilha (2008), a musicoterapia consiste na utilização da música através dos seus elementos, isto é, o ritmo, a melodia e a harmonia, por parte de um musicoterapeura qualificado. Esta destina-se a atender uma pessoa ou grupo de pessoas que necessitam de ajuda na comunicação, relação, aprendizagem, entre outros problemas. A musicoterapia tem como objetivos principais a relação positiva do doente com outras pessoas, o desenvolvimento da autoestima e a promoção de energia e ordem através da utilização do ritmo (Pinelli & Santelli, 2005, cit. in Padilha, 2008).
Segundo Vicente (2011), a enfermagem tenta unir, na sua prática, a ciência com a arte, e ao utilizar a criatividade com recurso à música pode ampliar os seus cuidados e enriquecer a comunicação e relação com a pessoa. As estratégias relacionadas com a música podem variar desde o canto, as vocalizações, a improvisação até à composição de letras e o manejo com instrumentos (Hatem, 2005, cit. in Vicente, 2011). Assim, o enfermeiro pode estar mais proximo das dimensoes fisica, mental, emocional e espiritual da pessoa, tendo em vista a promoção da sua saúde e do seu bem-estar (Leao, Puggina, Gatti, Almeida & Silva, 2011; Vicente, 2011).
Cardoso (2010) defende que a música para ser utilizada de forma terapêutica não necessita obrigatoriamente de um musicoterapeuta, mas sim de um profissional academicamente especializado. Como o enfermeiro é o profissional mais próximo do doente, isto confere-lhe a oportunidade para personalizar os seus cuidados, no sentido de que pode não só melhorar a saúde da pessoa como também desenvolver as suas capacidades e promover-lhe um equilíbrio físico, psicológico e emocional.
Desta forma, a musicoterapia é diferente da utilização da música como recurso em enfermagem, dado que a primeira é realizada por um profissional especializado, através de um tratamento estruturado e com um objetivo definido (Silva et al, 2008, cit. in Vicente, 2011). Já a segunda pode ser denominada por música terapêutica, na qual o enfermeiro complementa os seus cuidados através da música (Leão, 2002, cit. in Vicente, 2011). O enfermeiro pode utilizar a música em diferentes contextos, conforme o momento que achar mais propício, cabendo ao mesmo avaliar se os efeitos são benéficos, dado que cada doente tem as suas preferências musicais e portanto reage de forma diferente aos estímulos sonoros (Cardoso, 2010).
O segredo é olhar para a pessoa como um todo, para além dos sintomas que esta apresenta, sendo o tratamento, por vezes, mais paliativo que terapêutico. Isto não nega as utilizações práticas da música como recurso terapêutico, pois esta tem efeitos a nível do diagnóstico de doenças, do aumento da atividade motora, da motivação da pessoa, da estimulação da comunicação com os profissionais de saúde e da complementação do tratamento convencional (Campbell, 2000).
A utilização da música nos cuidados pode ser uma técnica pouco dispendiosa e aparentemente simples, dado que, é, pelo contrário, uma intervenção complexa que implica dedicação e raciocínio para adequar a estratégia mais adequada a cada pessoa. Em suma, o desafio de enfermagem é utilizar a música de forma holística e humanizada, e não de forma banalizada (Leão et al., 2011).
Referências Bibliográficas:
Campbell, D. (2000). O efeito Mozart: clássica, jazz, rock ou pop, a
música ajuda a tratar o corpo, a fortalecer a mente e a despertar o espírito
criativo. Cruz Quebrada: Estrelapolar.
Cardoso, A.J.S. (2010). A utilização da música como coadjuvante terapêutico
na saúde mental e psiquiatria. Dissertação em Ciências de Enfermagem (trabalho não publicado), Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade
Fernando Pessoa, Porto.
Leao, E.R., Puggina, A.C., Gatti, M.F.Z., Almeira, A.P. & Silva, M.J.P.
(2011). Música e Enfermagem: um recurso integrativo. Acedido em 10 de
Dezembro, 2012, em http://www.claudiapuggina.com/producao/Cap%2010%20-%20Musica%20e%20Enfermagem-um%20recurso%20integrativo.pdf
Padilha, M.C.P. (2008). A musicoterapia no
tratamento de crianças com perturbação do espectro do autismo. Mestrado Integrado em Medicina (trabalho não
publicado), Faculdade de Ciências da Saúde da
Universidade da Beira Interior, Covilhã.
Vicente, A.N.M. (2011). O uso da música nas práticas de enfermagem: uma
revisão integrativa. Dissertação em Enfermagem (trabalho não publicado),
Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre.
Subscrever:
Mensagens (Atom)